sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Área médica – Posso brincar de ganhar dinheiro também??

Hoje fui tratada com descaso por um médico nojento, de jaleco encardido e fedendo à asa. Fui fazer exame endocrinológico, para descobrir por quê não perco massa gorda, mesmo fazendo exercício. Levei o resultado do exame feito com a nutricionista da academia, cuja técnica usada foi a das “Sete Dobras”, de Jakson-Pollock, e revelou que um terço do meu corpo, precisamente, é “pura banha”. Também levei um laudo de restrições alimentares, feito por outra nutricionista, baseado no teste de Biorressonância, que releva alimentos aos quais demonstro algum nível de reação alérgica.


Cheguei no consultório e fui examinada por menos de dez minutos. Primeiro, o médico disse para eu passar. Me direcionava para a primeira porta aberta quando ouvi: “Não é aí! Lá no fundo.”. Prossegui entrando na sala correta e, dentre as duas cadeiras disponíveis para clientes, estava quase me sentando naquela mais próxima à porta quando ouvi mais outro protesto: “Não nessa, na outra.” – rude assim. Sentei e fui tirando o exame e o laudo da bolsa, enquanto ele me perguntava o motivo da consulta. Mostrei o que havia trazido, para que me desse seu parecer. Ele olhou por um tempo e disse para eu tirar a calça e vestir um jaleco que estava por ali. Me pesou, mediu minha altura, me deu um centímetro a mais e disse: “Mas o seu peso está bom! Não tem que emagrecer.” Respondi que se o exame das Sete Dobras estivesse certo, teria que pelo menos substituir boa parte da massa gorda por massa magra. Uma obviedade que só demonstra o descaso de que falo.


Enquanto me vestia, perguntei se ele não faria um novo exame para verificação do percentual de massa gorda. Eu quase estava refazendo a pergunta pela terceira vez quando ele respondeu: “Mas pra quê?! Tu já me trouxe esse exame!” Respondi que ouvi dizer de um método mais confiável, o da Bioimpedância, usado por médicos. Ele exitou mais um pouco e falou: “Ok, eu vou te ajudar.” – com essas palavras! Ora, ele estava sendo pago por isso, portanto, não entendo de quê forma isso seria uma “ajuda”.


Pediu uma série de exames, que eu deveria fazer num laboratório no mesmo prédio, laboratório do qual ele era sócio. Pediu a uma das recepcionistas (foi através dela que soube dessa sociedade) para me acompanhar. Isso tudo durou menos de dez minutos, mas me causou muito aborrecimento. Me sentia uma idiota, perdendo meu tempo.


Chegando no laboratório, quem me atendeu se perdeu por mais de três vezes na contagem do número de exames; contavam fofocas entre si e me fizeram esperar por uns dez minutos (e não tinha ninguém sendo atendido que justificasse essa espera!). Para minha surpresa, a pessoa que se perdeu na contagem dos exames era a mesma que tiraria meu sangue. Entrei na salinha com esse homem, que até foi simpático, mas não lavou as mãos e não usou luvas. Pegou um algodão, encharcou de álcool e passou no meu braço. Nesse momento vi as marquinhas de caneta na sua mão e as unhas mal cuidadas. Pegou uma agulha que não tenho certeza que fosse descartável e nova, mas quero muito crer que sim, e me furou, antes que eu tomasse coragem de perguntar. Cada vez mais, eu sentia mais raiva de mim; protestava comigo mesmo, mas não fui capaz de verbalizar. Terminou a coleta. Fui-me embora, me odiando.


Acho que muitas pessoas já passaram por situações semelhantes, o que é uma lástima, pois não entendo por quê deixamos que façam isso com a gente! Por que somos tão desreispeitados? Uma consulta de 10 minutos, é por isso que eu pago?! Bom, não fui realmente eu, mas meu plano de saúde, mas e daí? O dinheiro do plano não é tão bom quanto o meu próprio? E se eu pagasse do próprio bolso, teria direito a quanto tempo mais de consulta?


A forma como os medicos tratam seus pacientes é ultrajante. O cara passa quase dez anos estudando (faculdade e residência) para aprender a te pesar e medir tua altura? E é razoável dizer “Teu peso está bom” para alguém com um terço de gordura no corpo? Isso é um atestado de incompetência! E quanto a essa má conduta de coagir o paciente a usar o laboratório do qual é sócio? Até onde eu sei, “venda casada” é crime! E que laboratoriozinho de araque… um bando de tagarelas com hábitos pouco higiênicos.


Enfim, tive que tentar me distrair para me acalmar e recuperar o humor. Assisti a dois filmes seguidos. Lá no fim do dia estava melhor, a ponto de reviver tudo isso para relatar nesse texto.


Luciana Espindola
04 de dezembro de 2008